
o meu coração vaga em segredo
vento que ronda forasteiro sobre o mar
canta a dor das águas no dia que não mais mourejar
meu peito
todo corpo
alma / pensamento
torna ao Oceano zarpando
sem cais rondarei / abissal de gotas condenso
navio ébrio ondeando / poeta entoarei cantos
no longe infindo onde não mais atracar
na beira do céu por ti espreitando
léguas distando de infinito a infinito
buscando / ainda terei tempo eterno
ao navegar de retorno hei de novo te achar
mais afastado tanto é o aproximar
na noite a aurora / desfio o começo
caos / cosmo : verei o princípio do mundo
fechando entre o Sangava e o Xixová
meu Éden / estirado da barra ‘a enseada
os contornos da serra adeuses onde a terra jaz
nem paragem ou porto : rochedo soluto
ou galáxia / te espero em desterro
sempre em Santos ou nenhum lugar.
[poema dedicado ao cineasta francês François Ozon,
Intérprete do sentimento marítimo do mundo.
Composto em 2009, Ano Brasil-França]
(na foto, Flávio fazendo uma leitura poética
na Casa das Rosas, na Avenida Paulista,
dia 2 de julho de 2009)
Foto de Paulo Von Poser
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